Crônica: A Economia da Esquina.

 O Brasil tem uma economia que mora na esquina. Não está apenas nos gráficos do Banco Central, nem nas lives dos comentaristas de terno na TV. Ela respira no balcão do açougue, na fila da padaria, no fiado do mercadinho e no buzinar do motoboy que faz três entregas por hora pra garantir o leite das crianças.

A economia brasileira, diferente do que mostram os números frios, tem rosto e tem nome. É a dona Maria que faz salgados pra vender na escola, o seu João que acorda às 5 pra abastecer o caminhão, o estagiário que come marmita com arroz, ovo e esperança.

Falam de PIB, inflação, juros. Mas pouco falam de como isso bate na vida real. Porque quando a taxa Selic sobe, o empresário pensa duas vezes antes de investir. Quando o dólar dispara, o gás encarece, a comida acompanha, e a gente vai ajustando o almoço com criatividade e fé.

E mesmo assim, o Brasil não para. Vai empurrando o carrinho, renegociando as contas, aceitando um segundo emprego, vendendo doce no semáforo. Aqui, a economia também é um jogo de cintura.

Enquanto Brasília discute reformas e metas fiscais, o povo debate outro tipo de meta: pagar o aluguel e ainda sobrar pra feira do fim de semana.

Mas há uma força escondida no meio disso tudo. Uma resiliência que nem os números captam. Porque o brasileiro, mesmo cansado, sempre tenta de novo. Sempre acredita que o mês que vem pode ser melhor. Que a economia, de alguma forma, vai deixar de ser só manchete e virar oportunidade. E quem sabe, um dia, os números comecem a contar as histórias da esquina. E não o contrário.

Nenhum comentário: