Crônica: Quando a Tarifa Vem de Fora, Quem Paga Somos Nós.

Tarifas dos EUA contra o Brasil podem prejudicar a renda e o emprego.

Era uma terça-feira qualquer quando a notícia começou a pipocar nos portais de economia: os Estados Unidos vão aplicar uma nova tarifa sobre produtos brasileiros. Nada de novo no mundo da diplomacia comercial, mas por aqui, no chão da fábrica, no campo de soja, no porto agitado ou no escritório que depende de exportações, o impacto chega como um vento gelado.

Parece um problema distante, desses que a gente escuta no rádio enquanto prepara o café, mas que, de repente, aparece na vida da gente. A tarifa é aplicada lá, mas a dor bate aqui.

No interior, o produtor de laranja já começa a fazer conta: se vender menos para os americanos, sobra mais fruta por aqui. O preço despenca. No setor têxtil, o dono da confecção suspende a contratação temporária. Afinal, se não vai ter pedido novo, pra que reforçar a equipe?

As tarifas são como muros invisíveis: separam, encarecem, afastam. Os países levantam barreiras para se protegerem, e nesse jogo de gigantes, as nações em desenvolvimento ficam no meio da estrada, tentando equilibrar produção e sobrevivência.

Quem sente primeiro são os trabalhadores. A renda diminui, o salário atrasa, o emprego some. A roda da economia gira mais devagar. A notícia da tarifa se transforma em realidade no bolso do operário, no carrinho mais vazio do mercado, na empresa que fecha as portas discretamente.

É aí que a gente entende: a economia globalizada é como um dominó. Uma peça derrubada lá longe pode fazer desabar um monte de outras por aqui. O mundo é grande, mas o impacto é íntimo, pessoal, quase doméstico.

E enquanto os diplomatas discutem em inglês formal, por aqui o que se fala é outro idioma: o da incerteza, o da preocupação com o amanhã. Porque quando a tarifa vem de fora, quem paga a conta, no fim das contas, somos nós.

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