O Monumental de Núñez é daqueles estádios em que o peso da história costuma sufocar os visitantes. Na noite desta quarta-feira, eram 80 mil vozes argentinas empurrando o River Plate. Mas quem se impôs foi o Palmeiras, que transformou o caldeirão em palco para um show alviverde no primeiro tempo.Logo aos 5 minutos, Andreas Pereira mostrou a que veio. Escanteio cobrado com precisão e a cabeçada certeira de Gustavo Gómez abriu o placar, fazendo o barulho das arquibancadas virar silêncio. O Verdão não se intimidou: pelo contrário, engoliu o River com intensidade e posse de bola. Foram 20 minutos de sufoco argentino, com chances em sequência. Teve bola na trave de Lucas Evangelista, falta venenosa defendida pelo goleiro e chute perigoso de Khellven. Só não virou goleada porque o destino resolveu dar sobrevida aos donos da casa.
Quando parecia que o River respiraria, o Palmeiras deu outra pancada. Khellven roubou no meio, Moreno acionou Andreas, e o maestro da noite achou Flaco López. Com um toque inteligente, deixou Vitor Roque livre para ampliar: 2 a 0, Verdão. Era a consagração do domínio — 70% de posse de bola e um Monumental lotado em silêncio.
No intervalo, a sensação era de que a classificação estava encaminhada. Mas o futebol não perdoa vacilos. O River voltou diferente, mais agressivo, enquanto o Palmeiras perdeu intensidade. Abel Ferreira, tantas vezes gênio, errou nas trocas: tirou Vitor Roque, deixando o time sem velocidade, e ao sacar Moreno e Andreas, desmontou o meio-campo. Facundo Torres, que entrou, sequer tocou na bola.
Nos minutos finais, veio o castigo. A defesa cochilou, e Martínez Quarta descontou. O 2 a 1, que poderia ser resultado confortável, virou alerta.
Agora, tudo está em aberto. No Allianz Parque, o Palmeiras terá a seu favor não 80 mil vozes contra, mas uma nação inteira a favor. Para chegar à semifinal da Libertadores e seguir no sonho do tetra, será preciso concentração, coragem e a frieza que já consagrou o Verdão no continente.